domingo, 31 de outubro de 2010

DICAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Sacolas retornáveis podem substituir as plásticas de vez

Por Valéria Castor 

A substituição das sacolas plásticas pelas retornáveis é o tema da coluna Dicas dessa semana. O entrevistado é o coordenador do MBA em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Veiga de Almeida, Cezar Pires. Segundo ele todos têm de tomar consciência e colocar essa mudança em prática na sua rotina.

Informativo Veiga Online - Como tornar a substituição das sacolas plásticas pelas retornáveis uma realidade?
Pires - A palavra é Educação Ambiental. Este é o grande instrumento de conscientização para que possamos levar nossas próprias bolsas para as compras ao invés de consumirmos as tais das sacolas plásticas que trazem, como sabemos, problemas ambientais, pois levam até 300 anos para se decompor na natureza.

Informativo Veiga Online - Quais medidas são tomadas para estimular o uso das sacolas retornáveis?
Pires - Além da conscientização, o poder público poderia simplesmente proibi-las. Não gosto desse caminho que pode levar a transgressão, isto é, uma lei nesse sentido de proibição poderia não ser entendida e aceita e assim seria burlada. Conhecemos bem o que acontece quando uma lei não “pega” no Brasil.
Outra alternativa, que gosto mais, é usar o instrumento econômico. Isto é, de alguma forma taxar as sacolas plásticas. Por exemplo, hoje o custo ambiental de usar essas sacolas não é levado em consideração no preço final delas. Se isto for considerado, certamente o preço dessas sacolas subiria e iria obrigar o mercado a cobrar por ela. Como acontece na Irlanda desde 2002, onde se paga por elas e o dinheiro arrecadado é revertido em projetos ambientais. É importante perceber que esta alternativa não exclui a conscientização ambiental já citada.

Informativo Veiga Online - Em alguns países, como a China, a pessoa que preferir usar o saco plástico nos supermercados precisa pagar por essa ação. Isso acaba sendo um estímulo para o consumidor preferir as retornáveis.
Pires - Sem dúvida, o instrumento econômico que pode ser de taxação, como dito, mas que também pode ser de subsídios e incentivos para caminhos ambientalmente corretos, é um instrumento poderoso e deve ser usado em paralelo a outros instrumentos ligados à educação.
Existem também as alternativas tecnológicas como as sacolas de pano, papel ou ainda de plástico oxibiodegradáveis. Esta última, apresenta tempo de degradação até 100 vezes menor, levando apenas três anos para se decompor. Alguns supermercados, visando associar suas imagens ao meio ambiente, aderiram às sacolas oxibiodegradáveis por conta própria no Brasil.

Informativo Veiga Online - Existe algum programa parecido no Rio de Janeiro?
Pires - Existem projetos de leis estaduais para substituir as sacolas de plástico pelas oxibiodegradáveis que tramitam no Rio Grande do Sul, no Paraná e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a Assembléia Legislativa chegou a aprovar um projeto que tornaria obrigatório o uso dos oxibiodegradáveis.


Informativo Veiga Online - O senhor acha que o fato das sacolas retornáveis ainda estarem com alto custo no Rio pode afastar o cidadão desse novo hábito?
Pires - Sim, claro. Em nossa sociedade o aspecto econômico é com certeza um dos mais importantes. Porém, se as sacolas tradicionais espelharem os custos ambientais que elas têm em seu preço final, esta diferença entre elas e as oxibiodegradáveis no que diz respeito ao preço final, pode acabar.

Informativo Veiga Online - Qual é o motivo para essa medida ainda não ter entrado de vez no cotidiano do carioca?
Pires - Quando surgiram, no fim da década de 1950, as sacolas de plástico eram motivo de orgulho das redes de supermercados e símbolo de status entre as donas de casa.
Creio que além do motivo econômico já citado, o cultural também deve ser considerado. São muitos anos usando-as e mudanças culturais, às vezes, requerem um certo tempo para ocorrerem.

Entrevista feita por Valéria Castor


Veiga Informativo Online

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