sábado, 9 de outubro de 2010

Uma vida contada a partir de coberturas esportivas

   Por Valéria Castor :: 8º Período

No dia 23 de agosto de 2010, segunda-feira, a disciplina de Estudos Complementares em Jornalismo deu a oportunidade aos alunos que estão prestes a terminar o curso no Campus Tijuca, da Universidade Veiga de Almeida, de conhecer melhor a rotina dos repórteres que cobrem atividades esportivas. Para isso receberam o convidado Cláudio Nogueira, que atua no jornal O Globo há 20 anos e, desde 1993, trabalha diretamente com esportes.

O jornalista escreve sobre as competições de alto nível, faz colunas de análise no periódico e panoramas esportivos. Ele explicou que, dentro dos veículos que abordam o esporte, há os que tratam o tema de forma geral e os que se aprofundam mais, sendo chamados de especializados, a exemplo do Lance e do Jornal dos Sports. Além disso, também há uma distinção de nomenclaturas que separa os tipos de modalidades. Há quem cubra futebol – com grande popularidade no Brasil – e há quem cubra os “amadores” ou “olímpicos” (em alguns lugares, são denominados ainda de “outros esportes”). O foco das tarefas sempre foram as categorias olímpicas no caso de Cláudio Nogueira, que ressaltou: 

- É importante que o repórter apure as informações que consegue, seja ágil para cumprir os horários impostos pela empresa jornalística e tenha interatividade com o os leitores para saber o que querem. Além disso, que procure, ao máximo, se aproximar de quem não é o alvo principal da editoria de esportes, como o público feminino e o infanto-juvenil.

Depois dessas características, o jornalista considera que para uma reportagem se evidenciar das demais, deve-se buscar um diferencial. E esse olhar a mais pode vir de um personagem, por exemplo, que tenha uma história curiosa a ser contada. Isso eleva o ânimo da matéria que, normalmente, está preocupada com a abordagem técnica das competições. Durante a conversa, o jornalista destacou ainda figuras ilustres que marcaram a vida da imprensa desportiva no Brasil.

- Mário Filho, por ser considerado patrono do jornalismo esportivo e que nomeia o estádio Maracanã; o irmão de Mário, Nelson Rodrigues, que é autor de obras épicas e é tido como dramaturgo dos esportes; o poeta Armando Nogueira e o ex-jogador e treinador de futebol, João Saldanha.
Na vida profissional, Cláudio Nogueira já participou de grandes coberturas importantes – as olimpíadas de Atenas e Pequim, além do Pan-americano do Rio de Janeiro. Nesses momentos, salientou que é fundamental dar retaguarda aos repórteres que viajaram. Isso é de responsabilidade dos jornalistas que continuam nas redações, ou seja, que não foram ao evento. Eles devem acompanhar os noticiários para manter os colegas informados. 

Além disso, o convidado deu dicas aos estudantes que quiserem seguir na área esportiva: ler sobre esportes, as histórias que o compõem, o passado dos clubes de futebol – já que é o mais comentado nacionalmente – e se interar sobre a literatura que se aprofunda nos temas dessas atividades. Porque, esse ramo é mais do que apenas resultados. É também um negócio muito lucrativo, isto é, gera recursos para quem se dedica a ele, pois está atrelado à indústria do entretenimento. 

Ter em mente que a ética não pode faltar é outra sugestão dada por Cláudio aos universitários. Primeiramente, esquecer que esporte mexe com a emoção. Ou seja, deixar de lado o seu perfil como torcedor e assumir o perfil profissional. Não dá para dispensar uma cobertura de um treino de futebol, por exemplo, só porque não é sobre o seu time de coração. Principalmente, porque facilita ter ambientes amistosos em todos os lugares. Isso ajuda nas apurações, aconselha o jornalista, que salienta: 

- Hoje o acesso dos repórteres aos atletas está mais difícil por conta de toda uma estrutura montada em torno dos craques e que é formada por assessores, relações públicas, empresários, pessoal do marketing. Enfim, por profissionais que se antecipam para saber o motivo pelo qual se deseja falar com algum dos esportistas. 

Ele comentou ainda sobre uma diferença que separa as categorias olímpicas do futebol. Há a característica de serem modalidades mais científicas do que empíricas, como ocorre entre os times de futebol. Em uma competição, as equipes estudam os adversários detalhadamente para saber quais os pontos fortes e fracos de cada um e, assim, se planejam para derrotá-los. Já nos gramados, a técnica é empírica. Para finalizar a conversa, Cláudio Nogueira respondeu às dúvidas e às curiosidades dos jovens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário